Lantanídeos

Tabela Periódica - Lantanídeos

Os Lantanídeos (ou Lantanoides) formam uma série de 15 elementos químicos do período 6 da Tabela Periódica, tradicionalmente agrupados no bloco f e conhecidos popularmente como “terras raras” (embora muitos sejam relativamente abundantes). Junto com os Actinídeos, compõem os elementos de transição interna.

Quais são os Lantanídeos?

A série inicia no Lantânio (La, Z=57) e segue até o Lutécio (Lu, Z=71):

  • La – Lantânio
  • Ce – Cério
  • Pr – Praseodímio
  • Nd – Neodímio
  • Pm – Promécio (radioativo, não ocorre de forma estável na natureza)
  • Sm – Samário
  • Eu – Európio
  • Gd – Gadolínio
  • Tb – Térbio
  • Dy – Disprósio
  • Ho – Hólmio
  • Er – Érbio
  • Tm – Túlio
  • Yb – Itérbio
  • Lu – Lutécio

Nota: “Lutécio” tem símbolo Lu (e não Lr). “Lr” é Laurêncio, um actinídeo.

Configuração eletrônica, estados de oxidação e contração lantanídica

Quimicamente, os lantanídeos são caracterizados pelo preenchimento dos orbitais 4f. O estado de oxidação mais comum é +3, mas há exceções importantes:
Ce pode apresentar +4 (CeO₂), enquanto Eu, Yb e às vezes Sm exibem +2; Tb e Pr podem alcançar +4 em compostos específicos.

À medida que aumenta o número atômico (La → Lu), ocorre a contração lantanídica: o raio iônico diminui de forma sistemática devido à blindagem ineficiente dos elétrons 4f. Essa tendência influencia:
melhor estabilidade de complexos, força das ligações Ln–ligante e variações sutis nas propriedades magnéticas e ópticas.

Propriedades gerais e química de coordenação

  • Natureza metálica: metais prateados, relativamente macios, bons condutores, propensos à oxidação superficial.
  • Química de Ln(III): cátions duros (ácidos de Lewis) que preferem ligantes doadores de oxigênio (carboxilatos, fosfatos, sulfatos) e coordenam com números altos (8–10), gerando geometrias diversas.
  • Espectroscopia/óptica: transições f–f originam emissões luminescentes características (p.ex., Eu³⁺ vermelho, Tb³⁺ verde), úteis em fósforos e LEDs.
  • Magnetismo: Vários exibem paramagnetismo forte (p.ex., Gd³⁺), com aplicações em Ressonância Magnética (agentes de contraste à base de gadolínio).

Ocorrência, minerais e obtenção

Apesar do termo “terras raras”, muitos lantanídeos são relativamente abundantes na crosta. Ocorrem principalmente como fosfatos e carbonatos em minerais como:
monazita (fosfatos de terras raras), bastnasita (carbonatos fluorados) e lateritas ricas em ítrio/terras raras pesadas.

  • Beneficiamento e separação: etapas de trituração, flotação e extração por solventes (ciclos múltiplos) são usadas para separar elementos de propriedades quase idênticas.
  • Refino: conversão para óxidos (REO) e posterior redução a metais ou produção de ligas.
  • Aspecto radiológico: areias de monazita podem conter Tório e Urânio traço, requerendo controle radiológico.

Aplicações tecnológicas e industriais

  • Ímãs permanentes: Nd–Fe–B (neodímio) e ligas com Dy/Tb para alta temperatura; essenciais em motores elétricos, aerogeradores e discos rígidos.
  • Iluminação e displays: fósforos com Eu³⁺ (vermelho) e Tb³⁺ (verde) em LEDs, telas e lâmpadas fluorescentes.
  • Catálise: CeO₂ (ceria) em conversores catalíticos automotivos e como agente de polimento de vidros.
  • Medicina: complexos de Gd³⁺ como contraste em RM (formulações específicas e controladas).
  • Materiais especiais: vidros dopados (laser, fibra óptica), supercondutores de óxidos com TR (terrra rara) em composições específicas.

Classificações úteis: leves × pesados

No mercado, costuma-se distinguir entre terras raras leves (La–Sm) e terras raras pesadas (Eu–Lu, às vezes incluindo Ítrio – Y, que não é lantanídeo, mas acompanha a geoquímica dos pesados). Os “pesados” tendem a ser mais escassos e valiosos.

Posição na Tabela Periódica

Em diagramas compactos, os lantanídeos aparecem numa linha destacada inferior, junto dos actinídeos, para evitar que a tabela fique muito longa. Em representações “expandidas”, podem ser colocados entre Bário (Ba) e Háfnio (Hf), onde efetivamente se encaixam pelo número atômico.

Considerações ambientais e de segurança

  • Mineração e separação geram resíduos químicos; é necessária gestão ambiental rigorosa.
  • Depósitos com tório/urânio exigem monitoramento radiológico e descarte adequado.
  • Alguns sais/óxidos podem causar irritação; seguir fichas de segurança (FISPQ) e normas locais.

FAQ – Perguntas Frequentes sobre Lantanídeos

O que são os Lantanídeos?

São 15 elementos do bloco f (La a Lu) no período 6, com química dominada pelo estado +3 e propriedades muito semelhantes.


Por que “terras raras” se muitos não são raros?

O termo é histórico: eram extraídos de “terras” (óxidos). Vários são relativamente abundantes, mas a separação entre eles é complexa e cara.


O que é a contração lantanídica?

É a diminuição gradual do raio iônico de La³⁺ a Lu³⁺ devido à blindagem ineficiente dos elétrons 4f, impactando densidade, entalpias de hidratação e comportamento de coordenação.


Quais estados de oxidação além de +3 são comuns?

Ce(IV) (CeO₂) é estável e útil em catálise; Eu(II) e Yb(II) ocorrem em compostos específicos; Tb(IV) e Pr(IV) são possíveis em condições apropriadas.


Onde os Lantanídeos são encontrados?

Principalmente em monazita (fosfatos) e bastnasita (carbonatos fluorados), além de lateritas ricas em terras raras pesadas.


Quais são as aplicações mais importantes?

Ímãs Nd–Fe–B (motores, eólicos), fósforos (Eu/Tb), ceria (CeO₂) em catalisadores e polimento, Gd³⁺ em RM, vidros/lasers dopados.


Qual a diferença entre lantanídeos “leves” e “pesados”?

É uma divisão industrial: Leves (La–Sm) são mais comuns; Pesados (Eu–Lu, e muitas vezes Y) são menos abundantes e, em geral, de maior valor.