O mercúrio é um elemento químico do grupo 12 (metais de transição) que pertence ao sexto período da tabela periódica.
O mercúrio apresenta uma configuração eletrônica d10s2, formando geralmente íons M2+. Contudo, muitos de seus compostos são covalentes em proporção elevada.
Os compostos de Hg(+II) são mais covalentes, e seus complexos são mais estáveis. Como os íons de Hg têm camadas d completa, ele não se comporta como se fosse metal de transição típico. Embora os íons sejam divalentes, são poucas as semelhanças com os elementos do Grupo 2.
Em vários aspectos, o mercúrio é um elemento singular. À temperatura ambiente, ele é um líquido, é pouco reativo (nobre) e forma compostos “univalentes” de mercúrio (I). É o único elemento do grupo que possui um estado de oxidação (+I) bem definido.
O mercúrio é usado em grandes quantidades, principalmente em células eletrolíticas, destinadas à fabricação de NaOH e Cl2. A indústria elétrica utiliza-o em lâmpadas de vapor de mercúrio (para a iluminação pública), em retificadores e interruptores. Historicamente, o mercúrio foi usado na extração de metais preciosos (particularmente a prata e o ouro) na forma de amálgamas. O acetato de fenilmercúrio e outros compostos organomercúricos têm propriedades fungicidas e germicidas, e às vezes são usados no tratamento de sementes. Entre os usos de mercúrio em pequena escala estão a fabricação de termômetro, barômetro e manômetro, a preparação de amálgamas, de fulminato de mercúrio (usado como detonador) e em alguns medicamentos.
O mercúrio é altamente tóxico. Mesmo à temperatura ambiente, o metal libera vapor inodoro e invisível, que é facilmente absorvido através da respiração, sendo essa a via de contaminação mais grave, pois cerca de 80% da dose inalada vai para a corrente sanguínea. Sua solubilidade no sangue é maior que na água, e uma vez absorvido pelo organismo ele se acumula nos tecidos. A contaminação pode acontecer também por ingestão ou pelo contato com a pele.
Dependendo da quantidade, pode provocar sérios problemas de saúde. Os órgãos mais frequentemente afetados são os rins e o fígado, além do sistema nervoso central, mas a toxicidade do mercúrio é tanta que ele é capaz de penetrar nas células e interferir no funcionamento interno delas. Por essa razão, toda manipulação do mercúrio deve ser feita obedecendo-se rigorosamente as medidas de segurança. Acidentes domésticos envolvendo quebra de termômetros de mercúrio requerem limpeza imediata do material derramado, que deve ser colocado em saco plástico bem fechado e descartado em pontos de coleta de pilhas e baterias, nunca no lixo comum nem na rede de esgoto.
Estado de oxidação
Compostos de Hg(+I) também são importantes. O íon monovalente Hg+ não existe, pois os compostos de mercúrio (I) se dimerizam. Assim, o cloreto de mercúrio (I), Hg2Cl2, contém o íon [Hg-Hg]2+, onde os dois íons Hg+ (configuração 6s1) se ligam utilizando seus elétrons s. Os compostos de mercúrio (I) são, portanto, diamagnéticos.
Propriedades Gerais
O mercúrio exibe algumas poucas propriedades associadas aos elementos de transição típicos, devido à presença de um nível d completo, não disponível para a formação de ligações.
Tem configuração eletrônica d10, não sendo possível a ocorrência de transição d-d. Por isso, muitos dos compostos desses elementos são brancos. Contudo, alguns compostos de Hg(+II) e um número menor de compostos de Cd(+II) são intensamente coloridos, por causa da presença de transições de transferência de carga dos ligantes para o metal.
- O metal é relativamente mole quando comparado aos demais metais de transição, provavelmente porque os elétrons d não participam das ligações.
- Os pontos de fusão e de ebulição são muitos baixos.
O mercúrio é o único metal que é líquido à temperatura ambiente. Isso pode ser explicado pela energia de ionização muito grande, que dificulta a participação dos elétrons na formação das ligações metálicas. À temperatura ambiente, o líquido tem uma pressão de vapor apreciável. Por isso, superfícies expostas de mercúrio devem sempre ser cobertas (por exemplo, com tolueno) para impedir sua evaporação e, consequentemente, o risco de intoxicação. O mercúrio gasoso tem comportamento incomum, pois é constituído por espécies monoatômicas, como os gases nobres.
Nessas condições, Hg forma sais de mercúrio (II), mas reage lentamente com HNO3 diluído, formando o sal de mercúrio (I), Hg2(NO3)2.
O mercúrio forma ligas com diversos outros metais. Os bronzes são comercialmente importantes. Ligas de mercúrio com outros metais são denominadas amálgamas. O amálgama de sódio é formado na célula de cátodo de mercúrio, no processo de fabricação de NaOH. Amálgamas de zinco e de sódio são usados no laboratório como fortes agentes redutores. Já o amálgama de prata é bastante utilizado na odontologia nas restaurações dentárias.