Nihônio (Nh), anteriormente conhecido pelo nome temporário ununtrio (Uut), é o elemento químico de número atômico 113, pertencente ao grupo 13 da Tabela Periódica e ao 7º período. Trata-se de um elemento superpesado, radioativo, sintetizado exclusivamente em laboratório e sem ocorrência natural conhecida. Por integrar o bloco p do grupo 13 (junto de boro, alumínio, gálio, índio e tálio), espera-se que apresente comportamento de metal pós-transição, com estados de oxidação preferenciais próximos de +1 e +3, sendo o +1 provavelmente mais estável devido ao efeito do par inerte.
Descoberta e reconhecimento oficial
Pesquisadores do Centro RIKEN Nishina (Japão) relataram a síntese direta do elemento 113 após anos de tentativas. Em 2003, cadeias de decaimento produzidas em experimentos conjuntos Rússia–EUA para o elemento 115 já sugeriam a existência do 113, mas a atribuição não foi então reconhecida. O grupo japonês voltou a produzir o núcleo 113 em diferentes campanhas (meados de 2004–2005 e posteriormente), acumulando evidências até que a IUPAC e a IUPAP atribuíssem oficialmente a prioridade da descoberta à equipe do RIKEN.
Do ununtrio (Uut) ao nome oficial nihônio (Nh)
O nome provisório ununtrio seguia a recomendação sistemática para elementos ainda não confirmados (baseada no número atômico). Após o reconhecimento internacional da descoberta, o elemento 113 recebeu o nome nihônio (Nh) em 2016, em referência a “Nihon”, forma japonesa de “Japão”. Foi o primeiro elemento da Tabela Periódica a ser nomeado por pesquisadores asiáticos.
Como o nihônio foi sintetizado
Nos experimentos do RIKEN, íons de zinco (⁷⁰Zn) foram acelerados a cerca de 10% da velocidade da luz e colididos com um alvo de bismuto (²⁰⁹Bi). Em raríssimas ocasiões, núcleos dos dois elementos fundem-se, formando um núcleo de número atômico 113. O novo núcleo é altamente instável e sofre séries de decaimentos alfa sucessivos, emissão que permite a detecção e a identificação do elemento pelas energias e tempos característicos observados ao longo da cadeia de decaimento.
Propriedades previstas
- Categoria esperada: metal do bloco p, pós-transição, análogo a tálio no grupo 13.
- Estados de oxidação: previsões indicam +1 (mais estável) e +3; o +5 seria improvável.
- Estrutura e estado físico: espera-se que seja sólido metálico em condições ambiente, embora quantidades macroscópicas não tenham sido produzidas.
- Reatividade: tendências sugerem química influenciada por efeitos relativísticos e pelo par inerte do ns², impactando ligações e volatilidade de haletos/compostos simples.
Isótopos e meia-vida
Todos os isótopos do nihônio conhecidos são radioativos e têm meias-vidas muito curtas, tipicamente na faixa de milissegundos a poucos segundos, decaindo por emissão alfa e/ou fissão espontânea. Isso torna impraticável qualquer aplicação tecnológica ou estudo de propriedades em escala macroscópica.
Aplicações e segurança
- Aplicações: não há usos comerciais ou industriais; o interesse é científico, voltado ao entendimento da estabilidade nuclear, de efeitos relativísticos e da organização da Tabela Periódica em números atômicos elevados.
- Segurança: a produção ocorre em aceleradores com controles rigorosos de radiação; as quantidades são atômicas ou subatômicas, sem risco fora do ambiente experimental.
Posição na Tabela Periódica e contexto
O nihônio localiza-se no grupo 13, abaixo de tálio (Tl). Sua síntese e confirmação ampliam o mapa dos elementos superpesados, na fronteira de pesquisa sobre o chamado “ilha de estabilidade” nuclear. A consolidação do Nh complementa, em parte, tendências químicas desse grupo e auxilia na calibração de modelos teóricos para propriedades atômicas e químicas em Z elevados.
Linha do tempo resumida
- 2003: cadeias de decaimento associadas ao 113 surgem em experimentos voltados ao elemento 115.
- 2004–2005: o RIKEN relata eventos candidatos do 113, mas sem reconhecimento oficial.
- Década seguinte: novas campanhas acumulam evidências reprodutíveis (cadeias com múltiplos decaimentos alfa).
- 2016: a IUPAC confirma a descoberta e aprova o nome nihônio (Nh).
FAQ – Perguntas Frequentes sobre o Nihônio (Nh)
O que é o nihônio?
É o elemento 113, superpesado e radioativo, sintetizado em laboratório. Pertence ao grupo 13 da Tabela Periódica.
Por que ele se chamava ununtrio?
Ununtrio (Uut) era a nomenclatura provisória baseada em seu número atômico. Após a confirmação da descoberta, o nome definitivo nihônio (Nh) foi adotado.
Quem descobriu o nihônio?
A IUPAC atribuiu a prioridade da descoberta à equipe do Centro RIKEN Nishina, no Japão.
Como o Nh é produzido?
Por fusão nuclear em aceleradores de partículas, bombardeando bismuto com íons de zinco altamente energéticos e detectando as subsequentes emissões alfa.
O nihônio tem alguma aplicação prática?
Não. Devido às meias-vidas curtíssimas e às quantidades ínfimas produzidas, o Nh é estudado apenas para fins científicos.